sábado, 12 de março de 2011

Aula 12 - Gestão do Conhecimento e a Mensuração do Capital Intelectual

1.    Objetivos da Aula:

            Conceituar e evidenciar a importância da Gestão do conhecimento dentro das organizações e como as empresas vêem isso, apresentando as “tentativas” dos modelos criados para a mensuração da Capital Intelectual e também identificar as vantagens, as características e limitações nessa mensuração.
           

2.    O que é Gestão do Conhecimento?

            O termo Gestão significa planejar, organizar, dirigir e controlar o uso de todos os recursos disponíveis da organização seja ela monetária ou não (pessoas, capital humano...), desenvolvendo uma atividade organizacional.

            Segundo Chiavenatto (2000, pg.47), “o conhecimento ficou na dianteira de todos os demais recursos organizacionais, pois todos eles passaram a depender do conhecimento”. Ou seja, Gestão do conhecimento é um processo sistemático e intencional com o uso do conhecimento de pessoas para atingir um objetivo comum e a excelência organizacional, pois é isso que faz uma empresa crescer e se manter plena no mercado.


3.    Gestão do Conhecimento e a Sociedade da Informação:

            Hoje, o que prevalece em uma organização é o conhecimento das pessoas e não mais seus maquinários. A valorização das pessoas e do intelectual humano ganha forças depois da era industrial, onde: o músculo (força física) dá lugar ao cérebro (raciocínio, a lógica, a expertise, a rapidez, a capacidade mental), a produção dá lugar ao resultado, a mão-de-obra (empregado, funcionário) dá lugar aos parceiros e os bens tangíveis (máquinas, equipamentos, computadores) dão lugar aos bens intangíveis que hoje são muito valorizados dentro da organização, sejam elas suas Marcas e patentes, seu fundo de comércio (onde a empresa está localizada), sua carteira de clientes e principalmente o seu capital intelectual. Sendo assim, a sociedade emerge para um novo tipo de sociedade que é e Sociedade da Informação a Sociedade do Conhecimento.

            Os bens Intangíveis já possuem uma lei que a defende, é a lei nº 11.638/07 - Grupo de Contas específicas para os Intangíveis.


4.                Conceituando o Capital Intelectual:

            Conceituando o Capital intelectual temos Brooking (1996) que nos fala que Capital intelectual é “uma combinação de ativos intangíveis (de mercado (posicionamento dentro do mercado, imagem da empresa no mercado, marca, lealdade dos clientes, negócios em andamento, franquias), humanos (criatividade, conhecimento, habilidade, expertise, dinamismo), de propriedade intelectual (know-how, acordos e segredos industriais, patentes, design) e de infra-estrutura (tecnologia, metodologias e processos, sistema de informação, banco de dados de clientes)), frutos das mudanças nas áreas da tecnologia da informação, mídia e comunicação gerando um conhecimento que pode ser usado para criar a vantagem competitiva da entidade”.  Ou seja, pra ele o bem intangível é capaz de produzir benefícios presentes e futuros para a empresa e é vital na geração de novos conhecimentos.

            De acordo com Edvinsson e Malone (1998) eles fazem uma analogia com uma planta, uma árvore, onde a parte visível da planta é o que exerce as atividades da empresa (organograma - cargos e funções) e o capital intelectual é a raiz (parte oculta da empresa), onde o capital humano (pessoas, conhecimento) e estrutural (acomodações, máquinas, tecnologia...) sustenta a essa empresa.

            Já segundo Stewart (1998) o capital intelectual está presente nas pessoas, nas estruturas e nos clientes e “não será este bem (o capital intelectual) uma conseqüência de partes distintas destes fatores, mas resultado do intercâmbio entre todos eles”.

            As três visões acima estão corretas e sendo assim o termo Capital intelectual representa uma forma geral o conhecimento gerado e difundido pelas pessoas de uma organização, que junto com a empresa vão em busca de um mesmo objetivo, valorizando assim seus profissionais e maximizando seus resultados.
           

5.    Atividade em Sala de aula:

O que você tem feito para evidenciar o seu capital intelectual na organização que atua? Como acredita que as empresas estão administrando este aspecto em sua gestão empresarial?

R: Eu continuo estudando, me especializando e me qualificando dentro da área que trabalho e dando idéias e sugestões que façam diferença dentro da organização. As empresas monitoram e proliferam estes conhecimentos, fazendo com que o mesmo seja disseminado a todos na organização e que todos busquem o mesmo objetivo.


6.    O Desafio da Gestão do Conhecimento:

            Como mensurar corretamente o Conhecimento gerado pelos parceiros nas organizações que atuam? Como contemplar este conhecimento (capital intelectual) no chamado ATIVO da empresa?

            Os ativos das empresas representam os valores positivos do seu Patrimônio, As características obrigatórias de um ativo são: Compostos por Bens e Direitos, podem ser Tangíveis e Intangíveis, que Proporcionam Benefícios Presentes e Futuros, são de Propriedade da Empresa (as pessoas não, mas seu conhecimento sim) e são Passíveis de Mensuração (possui valor atribuído), fazendo com que a organização se torne mais competitivas no mercado e valorizando também seus colaboradores.


7.    Tentativas de Mensuração do Capital Intelectual:

            Existem tentativas de mensurar o capital intelectual das pessoas dentro de uma organização. São elas:

·         Razão entre o valor de Mercado e o valor Contábil (Market-to-book): segundo Stewart (1998) “Se o valor de uma empresa é maior do que o valor que os acionistas possuem, faz sentido atribuir a diferença ao capital intelectual”. Ou seja, essa mensuração nada mais é do que:

Capital Intelectual = Valor de Mercado - Valor contábil
           
            Mas de acordo com as críticas, como o mercado é muito volátil os valores mudariam rapidamente e constantemente, os valores de mercado e contábil (financeiro) podem ser forjados (supervalorizados ou subestimados), os ativos tangíveis podem ser registrados com valores inexatos (em vez de serem registrados pelo custo de reposição (valor atual) eles são registrados pelo custo histórico (valor da primeira compra)) e na contabilidade os valores podem ser distorcidos, ou seja, não permite um valor preciso desse capital intelectual, com tudo isso essa mensuração não foi muito aceita pelas empresas.

·         Navegador do Capital Intelectual ou Modelo de Stewart: são analisadas as seguintes perspectivas: Razão do Valor de Mercado / Valor Contábil, a medida do Capital Humano (atitude dos funcionários, valor da marca, rotatividade de trabalhadores do conhecimento), medidas de Capital Estrutural (giros de capital, participação de novos produtos na receita total, participação do mercado) e medidas do Capital do Cliente (satisfação do cliente).

            Mas de acordo com as críticas, a escolha dos índices de desempenho são muito subjetivas, ou seja, não são as mesmas em todas as empresas, há uma dificuldade na determinação dos indicadores de desempenho e na atribuição de peso a cada indicador, ou seja, também inexato na hora de sua mensuração.
·         Modelo de Skandia (grupo sueco, pioneiros na apresentação de relatórios contendo dados sobre a avaliação do capital intelectual em suas empresas): Segundo Antunes (200, pg.91) “tem como objetivo criar valor para seus acionistas por meio do foco em seus clientes, pela oferta de serviços inovadores e pelo aumento da produtividade e eficiência”.

            Esse modelo foi desenvolvido por Edvinsson & Molone, originando-se de dois grande indicadores: o Capital Humano (relacionado ao conhecimento, expertise, poder de inovação e habilidade dos empregados, além dos valores, cultura e filosofia da empresa) e o Capital Intelectual (equipamentos de informática, softwares, banco de dados, patentes, marcas e tudo o que apóia a produtividade dos empregados), apoiando em 5 focos: Financeiro, Clientes, Processo, Renovação e Desenvolvimento Humano, com isso criando a seguinte fórmula:

Capital Intelectual = iC

i: Coeficiente de Eficiência (percentual)
C: Valor Monetário do Capital Intelectual

Exemplo: Um investimento total com treinamento é de R$ 5.000,00 (C) e o percentual de aproveitamento foi de 45% (i), na fórmula ficaria:
Capital Intelectual = 0,45 x 5.000,00 = R$ 2.250,00

·         Modelo de Sveiby ou Monitor de Ativos Intangíveis: está voltado para evidenciar os ativos intangíveis das organizações, classificando-os em três vertentes: Competência das Pessoas, Estrutura Interna e Estrutura Externa, com isso desenvolvendo o Monitor de Ativos Intangíveis, analisando e mensurando o Crescimento e a Renovação, a Eficiência e a Estabilidade de cada vertente. (material anexo - FONTE: Sveiby, 1998. Pg.234).

            Mas de acordo com as críticas este modelo não está voltado ao aspecto financeiro do capital intelectual e sim com a preocupação com o crescimento do conhecimento e também a escolha dos indicadores do quadro é complexa e depende da estratégia implantada na organização para dar certa essa mensuração, ou seja, as informações não são padronizadas.

·         Balanced Scorecard - BSC: O Estudo deste modelo foi iniciado em 1997 por Kaplan & Norton, vinculado ás necessidades da empresa em avaliar o seu desenvolvimento pelos ativos intangíveis, criticando a contabilidade como sendo tradicional e limitada ao desempenho financeiro, priorizando uma visão estratégica e coerente de medidas de desempenho e não só na área financeira. O seu enfoque era na necessidade de uma gestão do conhecimento, que se não realizado seria dado como perda financeira, enfatizando a mudança da mentalidade (cultura) e da visão por parte dos gestores (sendo este item o mais difícil de se implantar, as mudanças) e buscando a relação de Causa e Efeito (financeiro e intangível) nas organizações. Este modelo é o mais utilizado nas estratégias das empresas nos dias de hoje, mas esta ferramenta ainda não consegue mensurar corretamente o capital intelectual.


8.    Vantagens e Limitações da Mensuração do Capital Intelectual no ambiente interno:

            As vantagens na mensuração do Capital intelectual podem ser:
·         Confirmar a habilidade da organização em atingir os objetivos;
·         Fornecer um foco para um programa de educação organizacional e treinamento, pois saberão onde estão as falhas e onde deverão ter melhorias;
·         Analisar o valor real das empresas;
·         Ampliar a memória organizacional, a história e a trajetória da empresa;
·         Contribuir na execução do planejamento estratégico, maximizando os resultados e chegando aos objetivos de forma mais rápida;
·         Manter o conhecimento no know-how;
·         Contribuir na decisão de investimento em tecnologia da informação;
·         Permitir o conhecimento e a visão das condições atuais e futuras frente aos clientes;
·         Adaptação da organização frente às mudanças impostas pela sociedade, que muda constantemente.
           
            Mas também podemos citar principais as limitações da mensuração desse capital intelectual. São elas:
·         Não há, ainda, um modelo universalmente adotado;
·         Há uma necessidade de um Sistema de Informação que possa identificar todos os indicadores e dados específicos;
·         Há um elevado investimento em Sistema de Informação;
·         Há uma dificuldade na implantação e no desenvolvimento de um sistema de informação, devido às mudanças impostas;
·         E não há uma unidade, um índice padrão de mensuração.

            Embora não haja um modelo preciso de mensuração, o capital intelectual existe em todas as organizações e a Gestão do Conhecimento poderá e deverá favorecer a valorização do conhecimento e do aprendizado humano dentro das empresas.


WEB AULA:

            O que de fato significa Bens Intangíveis? São aqueles que de fato não possuem existência física, porém representam uma aplicação de capital indispensável aos objetivos sociais, como marcas e patentes, fórmulas ou processos de fabricação, direitos autorais, autorizações e concessões, ponto comercial, capital humano, etc.

            Muitas empresas hoje estão em busca do aumento do seu valor de mercado, incluindo nisso os seus bens intangíveis, que podem ajudar na concorrência, tornando assim o seu ativo intangível maior do que os seus bens tangíveis.

            Algumas empresas possuem uma lucratividade muito maior do que aquelas aparentes, agregando valores ao seu patrimônio por sua intangibilidade. São elas:

  • a Kraft foi incorporada pela Philip Morris por US$ 10 bilhões. A contabilidade registrava o valor de US$ 1 bilhão;
  • a UNILEVER comprou a KIBON por US$ 930 milhões. A Contabilidade registrava menos de 30% deste valor;
  • a Yahoo fatura US$ 500 milhões por ano e lucrou US$ 16 milhões em nove meses de 99. Vale no mercado US$ 100 bilhões. A previsão de retorno do investimento na empresa é de 360 anos;
  • a Amazon.com tem uma dívida de US$ 2.2 bilhões, quase o dobro de seu faturamento anual, teve um prejuízo de US$ 125 milhões nos primeiros nove meses de 99 e não distribui dividendos. Na mesma data, tinha um valor de mercado de US$ 33 bilhões.
                Os intangíveis quando reais e escriturados na entidade, são de suma importância para que se tenha uma visão correta do que se pode estar negociando, podendo em muitos casos ser o grande atrativo para um futuro negocio.
                Segundo Marion (2005, p. 1), a utilização do intangível passou a ter maior relevância nas empresas a partir das ondas de fusões e incorporações na Europa e Estados Unidos. Com o passar dos anos, o intangível começou a ganhar mais espaço e hoje começa a ficar mais conhecido e utilizado, apesar disso, são poucas as empresas que o evidenciam em seu balanço patrimonial, pois sua mensuração ainda é um obstáculo a ser ultrapassado.

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